Reflect - Sala de troféus

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Sala de troféus é a cela mental onde a nossa felicidade mora iludida.
É nela que expomos todas as conquistas que acumulamos ao longo da vida.
Não falo só daquelas que nos aquecem o coração, mas também das outras, aquelas que consideramos pertinentes para um curriculum-vitae-da-treta.
Eu não sou o que fiz, o que fiz é o que fui. Eu sou o que posso fazer.
É nesta conclusão que o conflito se inicia.
A pessoa que viveu presa a todos os pressupostos que mantinham os troféus rigorosamente catalogados nas prateleiras daquela sala, morreu.
É altura de sair dali. De não deixar nada de fútil em pé. De procurar fora dali o que mais importa.
Mas... como é que alguém consegue divorciar-se da própria sombra?
Simples. Quando o céu toca no chão, não há sombra, não há hierarquia e tudo fica no mesmo plano.


TEXTO (Legendas)

O que é que fazes quando o céu tocar no chão?
Será que gritas ou estendes a mão?
Eu vou estar cá p'ra ver o dia a morrer
Tudo é tão pouco quando o nada vencer

Vives tão ocupado que nem tens espaço p'ra ser livre
Julgas que a vida é tua, mas não és tu quem decide
O tempo ri-se de ti, és o bobo da parada
Olha p'ra ti insignificante, com esse tanto que vale nada
Adoras ostentá-lo, enche-te o ego e aquece a alma
Enquanto os traços do teu sonho se apagam da tua palma
O teu espírito enfraquece, cede a cada dia que passa
Já nem pões nada em causa, faz as horas, colhe a massa
És um cromo na caderneta desta colecção fatela
Que fica fechada na gaveta até ninguém se lembrar dela
Não és elite, esquece o grau, mostra o que vales de imediato
Não há CV, só o que se vê, esquece a cunha no contrato
Fazes da vida uma corrida em troféus que arrecadas
Mas vais de elevador porque dá trabalho subir as escadas
Fãs do que é fácil têm nojo do meu suor
E tremem a cada linha deste poeta sonhador

Vives p'ra cumprir os objectivos de alguém
Passaste a ser o que produzes, fora disso não és ninguém
Vês tudo a acontecer sem fazer parte do acontecimento
És um papel amarrotado a ser levado pelo vento
Somas desilusões, aspirações que a vida enterra
Saboreias o desgosto que o teu coração encerra
És devedor a vida inteira, é suposto que o sejas
E vai faltar sempre um pouco para o tanto que desejas
Arrumas prémios em prateleiras desta sala fechada
E o que interessa está lá fora à tua espera na estrada
Demoras sempre mais um pouco e perdes tanto pelo meio
O que é feito da criança que sorriu no recreio?
Vejo o sonho desvanecer, querem limitar a acção
E a independência de outrora é somente uma noção
Este é o hino que faltava a esta geração à rasca
O grito mudo de um povo com vontade de dizer basta.


FICHA TÉCNICA

Realização e Edição: Pedro Pinto
Anotações: José Guia
Câmara: Mauro Cunha e Rafael Correia
Agradecimentos: Carolina Tendon e Bruno Alves


MÚSICA

Produção: Dezze
Texto: Reflect

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